Ouvimos muitas perguntas durante a pandemia sobre quando iremos “voltar ao normal”. A suposição é clara: haverá um ponto em que voltaremos à vida como a conhecíamos. Entretanto, nem tudo será como antes. E a educação é uma das áreas que sofreram transformações diretas. Em relação aos métodos de aprendizagem, os especialistas duvidam que voltará a ser como antes. O Managing Director da América Latina da Cengage, Renzo Casapía, afirma que em 2020 “a trajetória do aprendizado online foi acelerada em uma década, e a mudança foi fundamental para sustentar e adaptar o modelo remoto ao longo dos anos. Portanto, podemos afirmar que os modelos de ensino 100% presenciais não serão prioridade mais”.
Os profissionais da educação online tendem a ganhar o máximo com uma interrupção nas formas tradicionais de aprendizagem presencial. Porém, mesmo olhando para serviços de educação à distância que se tornaram uma tendência, é possível dizer que os métodos presenciais não serão completamente substituídos. De acordo com Renzo, a pandemia mostrou que as instituições precisam ser mais flexíveis nos formatos de aprendizagem que oferecem. Se as instituições não podem enfrentar esse desafio, elas enfrentarão uma perda acelerada de matrículas e uma forte competição pelo método online. “É fato que a tecnologia se tornou uma das preferências em todos os âmbitos atualmente. A pandemia demonstrou isso e fez com que as pessoas optassem por modelos digitais. Entretanto, as aulas online jamais vão substituir as presenciais. Arrisco dizer que em nenhuma outra área a tecnologia substituirá o contato humano. Por isso, o ideal é investir em modelos híbridos de aprendizado, para equilibrar o conforto e a praticidade do digital, com o contato físico, com a troca de experiências pessoalmente. Esse modelo permite maior êxito nos resultados de ensino”, declarou o Managing Director da Cengage.
Entretanto, adaptar as escolas e universidades para este novo método ainda é um grande desafio. “A principal mudança que 90% das escolas e universidades sofreram foi relacionada à infraestrutura tecnológica. O maior desafio durante a pandemia foi adaptar as aulas online. Os educadores não podem utilizar o mesmo método de ensino que gostam de usar presencial em plataformas digitais. É necessário investir em ferramentas dinâmicas que vão prender a atenção do aluno e fazer com que ele aprenda, de fato. Caso contrário, teremos profissionais formados e não qualificados para o mercado”, afirma Renzo Casapía.
Os formatos de aprendizagem online não são novidade. Alguns provedores e plataformas de educação existem desde o fim dos anos 90. Esses formatos, no entanto, eram vistos como marginais à educação regular, geralmente voltada para pessoas que não seguiram o caminho tradicional do ensino fundamental, médio, médio e até a faculdade. E até 2019, diversas pessoas ainda pensavem desta forma. A COVID-19 lançou esse caminho para o centro das atenções à medida que o modelo de educação é cada vez mais examinado por pais e alunos. Como muitos incidentes globais, levou um momento de caos para criar clareza. A pandemia criou mudanças irreversíveis na forma como as universidades, governos e empresas operam. As universidades têm sido especialmente suscetíveis a essa interrupção. Ao longo de muitas décadas, a sociedade acreditava que apenas a educação universitária poderia fornecer certos benefícios. Mas em uma era de subemprego para recém-formados e crescente dívida estudantil, a pandemia colocou o valor tangível da faculdade para os alunos. O especialista da Cengage afirma que os novos métodos de ensino são tão benéficos quanto os métodos antigos, e que podem, sim, formar profissionais altamente qualificados. “A educação tradicional tem um caminho desafiador pela frente. A realocação de gastos com educação presencial para o online continuará aumentando se as instituições não se adaptarem rapidamente. Os alunos estão fazendo as perguntas certas: qual é o valor do meu diploma? E posso obtê-lo de forma mais econômica (e de melhor qualidade) online? O tempo está passando”, diz Renzo.
O Managing Director da Cengage ainda analisa o que vem a seguir para a educação: “É provável que essa tendência em direção à educação online continue. Embora possa ocorrer um retorno a alguma forma de aprendizagem presencial, o cenário mais provável é um modelo híbrido: aquele que permite flexibilidade de ambientes de aprendizagem online para alunos com os benefícios presenciais de construção de relacionamento e camaradagem. Em última análise, é uma questão para nós como sociedade. A pandemia não interrompeu a educação por si mesma, apenas nos mostrou o que não estava funcionando em nosso sistema atual. Além disso, demonstrou a necessidade de indivíduos, empresas e governos assumirem a responsabilidade de dominar novas habilidades”, finalizou Casapía.